WOKE, você sabe o que significa?

Nas redes sociais, conversas sobre a cultura pop e até em análises de filmes atuais, nos deparamos com um termo que cada dia fica mais recorrente, WOKE, essa palavra ganhou um grande significado, principalmente nas novas gerações, foi eleita em 2017 como a gíria do ano pelo “American Dialect Society” e entrou no dicionário inglês Oxford, mas você sabe oque esse termo significa e sua representação atualmente?

WOKE, uma simples palavra que carrega um significado complexo e talvez até confuso na situação social e política atual, talvez essa palavra já tenha entrado em algum contexto relativo a politicas públicas de inclusão ou linguagem neutra, sem falar na inclusão e alteração de personagens em filmes, jogos e séries, esse termo vem carregado de uma crítica onde muitos de seus propagantes o colocam como uma crítica relacionada, de forma bem descontextualizada, a “quebra da democracia” e a “ideologia de gênero”, muitas das vezes usando outro termo associado, lacração, até mais comum no Brasil, mas que tem um contexto similar.

Bem diferente das propagações atuais, esse termo, na verdade, nasceu em um contexto de lutas por justiça social e foi alterado com o tempo, antes de virar rótulo de uma questão cultural, esse termo teria nascido na linguagem popular afro-americana no contexto de “saty woke” com um significado de manter-se acordado, puxando a atenção da população para injustiças sociais que aconteciam na política Americana, afetavam em principal a população negra e protestava contra a expansão da escravidão no país, tendo uma raiz histórica cultural e política dês de meados de 1860, dai esse termo começou a ser cada vez mais propagado com um sentido de luta social em músicas e protestos por todo o país.

Presentemente por volta de 2012, o termo stay woke começou ater sentido mais abrangente, agora além de enfocar em um contexto racial, começava a se propagar para descasos contra minorias e comunidades que sofriam repressão por conta disso, com propagação em mídias sócias como o twitter, gerado o simbolismo #staywoke, que começou a ter força novamente, dessa vez tomando uma amplitude bem maior devido às redes, e abordando qualquer tipo de intolerância, em 2012 deu força ao movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam), logo depois virando documentário com o mesmo nome, e foi aqui que o termo saiu da bolha, gerando um maior reconhecimento nas mídias e nas ruas, e também começando um contexto de crítica, onde alguns grupos começaram a associar o termo a privilégios com um tom pejorativo, favorecimento de grupos específicos e ameaça a liberdade de expressão, assim se iniciou a distorção do termo.

Esse processo acabou ganhando força com as eleições presidenciais dos Estados Unidos e a vitória de Donald Trump, a partir de 2016 “WOKE” ganhou uma conotação de sinônimo a grande parte do que era combatido por grupos de direita, dês de identitarismo, diversidade em processos culturais, identidade de gênero, dentre outras pautas que poderiam se opor aos mesmos, assim usando-a como um termo guarda-chuva, para englobar uma pauta de dualidade e disputa, criando um “adversário” a ser combatido se utilizando da termologia para facilitar o acesso a diversos grupos opositores sem especificar diretamente, gerando um encontro do significado da palavra WOKE a tudo que não está conforme o pensamento de direita, criando uma dualidade que se encaixava de forma concreta para os propósitos do mesmo e desencadeando processos complexos que culminavam com perdas para grupos minoritários e abrindo espaço para qualquer pauta de inclusão ser criticada.

Chegando ao Brasil, o termo veio como rótulo pronto para ir de encontro a qualquer pauta social, de forma menos organizada, se estabelecendo no mesmo processo político e sendo utilizado por grupos de direita de forma similar a seus antecessores.

Agora podemos entender que o termo WOKE passou por um importante processo histórico, do momento em que foi usado como protesto até os tempos atuías onde seu significado passou por intricados processos culturais e políticos. Cabe a nós entendermos a real importância de refletir sobre as pautas gerais sem nos deixar levar por informações vazias repassadas de forma automática, assim gerando nosso próprio entendimento do que seria correto e adequado a cada situação, sejam essas propostas inclusivas para seu jogo preferido ou em processo político no seu país, entender melhor a situação e não se deixar levar por informações vagas tendem a ser as melhores formas de chegar a um bom resultado, afinal se manter acordado é importante para todos.

Deixe um comentário